terça-feira, 19 de maio de 2009

Pagou ou não pagou? Quem julga?


A polêmica sobre o uso das cotas de passagens internacionais de parlamentares ainda está rendendo. O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) que o diga.

Após protagonizar uma das mais explosivas reações sobre o assunto, ao atacar a imprensa na tribuna da Câmara Federal e reagir aos plavarões quando cobrado por jornalistas na sala de cafezinho, Ciro foi acusado de ter pago passagens aéreas para sua mãe. Imediatamente negou as acusações através de nota. No dia de ontem, o site Congresso em Foco (http://congressoemfoco.ig.com.br) publicou um fac-simile do bilhete de passagem que consta como sendo pago pela Câmara, reacendendo a polêmica. À noite, instada pela família do deputado, a empresa aérea confirma a versão de que houve uma troca entre os pagamentos quando da emissão das passagens. O site questiona ainda a legalidade de tais procedimentos, e questiona o motivo da demora da empresa aérea.

Ok, chegamos ao ponto: até onde cabe à imprensa julgar a legalidade de documentos apresentados como porva? Aparentemente, este caso encaminha-se para mais uma situação onde um julgamento sumário de uma personalidade pública, inclusive com o questionamento da legalidade de informações documentais, está em curso. Em que a pese da seriedade de uma instituição como o Congresso em Foco, mas deve-se evitar este tipo de situação em nome da seriedade e legitimidade da imprensa livre enquanto instituição da sociedade. A denúncia é um direito seu, e não o julgamento. Em um caso destes, onde age a justiça através do ministério público, a imprensa precisa posicionar-se em respeito a sua atuação. E deve esperar que o MP acuse a fraude, ou não, destes documentos.

Esta atitude de julgar precipitadamente, e que é corriqueira em pocilgas da imprensa marrom, não pode contaminar instituições como o Congresso em Foco, cuja contribuição para a maior transparência do poder legislativo federal é enorme.

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