terça-feira, 24 de julho de 2007

Esporte Consciente

Do blog do Zé Dirceu:
Diogo Silva, 25 anos, primeira medalha de ouro do Brasil no PAN, que se realiza no Rio (venceu o peruano Peter Lopez na final da categoria até 68 kg do taekwondo), passou as primeiras 24 horas depois que subiu ao pódio dando entrevistas. Numa rápida conversa com este site, defendeu que grupos sociais organizados tenham mais informações para que possam ser mais críticos em relação às políticas do governo para a juventude e para os esportes. Apontou como um caminho para que jovens tenham mais acesso ao esporte o apoio de empresas privadas ao trabalho de organizações da sociedade civil, como a Cufa (Central Única de Favelas) e grupo AfroReggae, ambos com forte atuação no Rio de Janeiro.Após a vitória, Diogo fez duras críticas às políticas do esporte no país, embasadas em seu próprio histórico. Nascido na periferia pobre de Campinas, interior de São Paulo, tornou-se um atleta motivado pela mãe, que exerce a profissão de manicure, e pela garra. Começou a praticar esportes aos 7 anos, aos 13 começou a competir nas categorias infantil/juvenil e aos 17 anos entrou para a seleção adulta. “O país tem bons atletas, falta é patrocinador”, diz o campeão, que, em 2004, foi o quarto colocado nos Jogos Olímpicos de Atenas e, no PAN, venceu três lutas, antes de ganhar a medalha de Ouro.Agora nas páginas dos jornais e nos programas de TV, Diogo aproveita para reivindicar mais apoio financeiro para os esportes.“A grande divisão de classes que existe no Brasil, existe também no esporte”, diz ele. “O Brasil peca por não ter um centro de treinamento, onde os atletas jovens possam viver e ter visibilidade”, afirma. Por isso, antecipou, assim que terminarem os jogos do PAN vai pedir ao COB que destine um dos galpões construídos para os jogos do Rio para ser um centro de treinamento para a área de lutas. “Precisamos de um espaço para fazer intercâmbio com as equipes internacionais”.Ao falar de política pública universal para o esportes, Diogo Silva destacou que alguns órgãos públicos tem dito que o esporte pode salvar vidas, mas, salientou que muitos esportes não são remunerados e isso não ajuda em muita coisa. “Eu acho que, para que isso aconteça, o esporte tem que estar bem organizado e ser remunerado, aí, sim, teremos uma política justa, porque a criança carente pode praticar o esporte, ter nele seu salário e dar continuidade ao seu trabalho.” Para que isso aconteça, sugere que grandes grupos empresariais no Brasil, como a Petrobras, se juntem às organizações que têm um trabalho social, como a Cufa (Central Única de Favelas), do MV Bill, e do grupo AfroReggae, para que possam apoiar professores e lideranças que têm um trabalho social com comunidades carentes. “Isso seria uma grande salvação, porque depender dos órgãos públicos no Brasil, é lamentável. A gente tem que botar a mão na massa e correr com as próprias pernas.”

Quando assisti a vitória deste grande atleta, lembrei-me dos jogos olímpicos de Atenas, quando ele ganhou medalha de bronze. Na hora de subir o pódio, ele repetiu o gesto dos atletas norte-americanos Tommie Smith e John Carlos, ouro e bronze nos 200m, que após o hino de seu país, com as mãos cobertas pelas luvas negras, ergueram os punhos, numa saudação simbólica do grupo Panteras Negras, em protesto contra as políticas segregacionista vigentes naquele país. Oobjetivo de Diogo era reivindicar maiores incentivos a sua modalidade.


De certa maneira, este mesmo apartheid persiste em nosso país, quando há privilégio a alguns setores sociais, que podem ter acesso pleno aos seus direitos, enquanto uma grande parcela de brasileiros e brasileiras vivem na mais profunda exclusão.


O mesmo pode ser visto no esporte, onde a sua modalidade, o tae kwon do, conseguiu trazer duas medalhas olpímpicas mesmo sem receber nenhum incentivo. Hoje, com mais apoio, recebeu, salvo engano, 5 medalhas no Pan. Enquanto isso, outras modalidades milhonárias sofrem derrotas inexplicáveis....

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