quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Almir joga xadrez e voa

Entre as várias versões que circulam pelo Pará afora, muitos afirmam que na despedida de Almir Gabriel nada foi dito sobre política. Eu, que lá não estive, não posso discordar. Contudo, gostaria de lembrar que nem sempre o dito diz alguma coisa, e nem sempre p não dito não quer dizer nada.

Confuso não? Deixe-me explicar: os sentidos do discurso nem sempre estão contidos em suas palavras. Às vezes, a ausência de palavras quer dizer mais coisas. Por exemplo, digamos que após um escândalo, como o que envolve agora o ator Hugh Grant, por exemplo, a celebridade faz uma declaração à imprensa e fala sobre seu novo filme, sobre a peça de teatro, sobre as fotos que fará na revista G Magazine. Nem uma vírgula sobre o gosto por prostitutas. A ausência de declarações sobre o gosto por prostitutas serve como uma negativa sobre o assunto, pois significa que para ele este é um tema de menor relevância.

O mesmo podemos dizer sobre a reunião de Almir Gabriel. Nenhuma vírgula sobre sucessão. Mas não era uma reunião qualquer. Não estavam lá os vizinhos e parentes, mas lideranças políticas de seu partido que ele, o anfitrião, acredita compartilharem com ele uma cumplicidade política. Lá estava um possível candidato de seu parido à prefeitura de Belém. E não estava o outro.

Portanto, para bom entendedor, nenhuma palavra já é suficiente.

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