Disputa pela liderança da Minoria expõe guerra entre PSDB e DEM
BRASÍLIA - A disputa entre PSDB e DEM na Câmara ganhou novos rounds. Na manhã desta quarta-feira, o líder do DEM, Onyx Lorenzoni (RS), anunciou que o deputado Cássio Taniguchi (DEM-PR), atual secretário do governo do Distrito Federal, vai reassumir o mandato e manter a bancada com 60 deputados e com direito a indicar o líder da minoria na Casa. A atitude é uma reação a decisão do PSDB de formalizar na terça a filiação do deputado Gervásio Silva (SC).Gervásio deixou o DEM, segundo os deputados da legenda, em festa realizada no último dia 11 que reuniu vários tucanos graduados, entre eles o líder da bancada, Antonio Carlos Pannunzio (SP).
- Estão reclamando que não comunicamos a indicação de André de Paula (DEM-PE) como novo líder da minoria, mas não houve sequer um telefonema de Pannunzio avisando da filiação de Gervásio. O Taniguchi será exonerado da secretaria (do governo do DF) e reforçará nossa bancada. Chegaremos ao final do dia com 60 deputados - avisou Onyx.
O líder do DEM disse que Pannunzio não tem razões para queixar-se de não ter sido avisado antes da indicação de André de Paula:
- Há muito tempo eles não nos procuraram para nada.
O racha entre DEM e PSDB vem aumentando e se intensificou a partir da discussão sobre a reforma política, quando os tucanos desistiram de apoiar o projeto do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) que defendia voto em lista e financiamento público exclusivo. Também ficou latente em relação à prorrogação da CPMF, defendida em parte por tucanos. O DEM quer o fim da contribuição.
O pano de fundo da briga é, na verdade, a disputa por poder. O próprio Lorenzoni avisa que a legenda ganhou um novo nome e o poder de ter suas próprias bandeiras, não carregando mais bandeiras tucanas. Outros deputados do DEM que participaram de um café-da-manhã na liderança endossaram as críticas aos tucanos.
- Podemos ser só 60, mas não recuamos. A postura que adotamos é de que somos oposição em tempo integral. O PSDB tem atuado, às vezes, como uma linha auxiliar do governo Lula, como na eleição do presidente Arlindo (Chinaglia) e na prorrogação da CPMF - disse o deputado Paulo Bornhausen (SC).
- Resumidamente, o PSDB é um PT rosé. Eles que são tão entendidos de vinhos, não são nem tinto, nem branco. São rosé - acrescentou Ronaldo Caiado.
Reunião para escolha de líder causou constrangimentoNa terça-feira, a escolha André de Paula (DEM-PE) para a Minoria provocou constrangimento na reunião de líderes. Pannunzio não escondeu a irritação ao ver o novo líder da oposição, que chegou de Lorenzoni, e sentou-se na cadeira que foi de Júlio Redecker (PSDB-RS), morto no acidente com o avião da TAM.
Pannunzio disse que não havia sido informado da escolha do novo líder e o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), argumentou que apenas atendeu a um requerimento do DEM, que reivindicou o cargo alegando ter maioria.
André de Paula substitui Zenaldo Coutinho (PSDB-PA), que ocupou o cargo por cerca de um mês, após a morte de Redecker. O DEM alcançou 60 deputados, três a mais que o PSDB, o que, de acordo com o regimento, dá direito ao partido de indicar o líder da Minoria. Os ex-pefelistas ganharam Betinho Rosado (RN), suplente de Nélio Dias (PP-RN), que morreu de câncer em julho; e Dr. Pinotti (SP), que retornou após deixar o cargo de secretário de Ensino Superior do governo paulista.
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