quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Temporários

Na próxima semana deverá ser votado o Projeto de Emenda Constitucional que pretende garantir estabilidade aos servidores temporários com mais de 10 anos de serviço público. Mobilizados, estes servidores estão em Brasília em movimento de corpo a corpo, buscando apoios para aprovação da famosa PEC.

Tal movimento, que existe desde o ano 2000, quando foi apresentada tal proposta, trava uma luta inglória: taxado de trem da alegria por parlamentares, tenta descolar os trabalhadores da pecha de apadrinhados de políticos.

Como sou amigo de muitos que compõe tal movimento, procuro sempre me esquivar de posicionamento sobre o assunto. Mas, quando perguntado sobre o que acho, afirmo que duvido muito que os parlamentares da mais alta casa legislativa do Brasil aprovem tal medida. Em primeiro lugar por não estarem gozando de muita popularidade. Em segundo, por ser a necessidade de concurso para ingresso no serviço público uma das mais importantes medidas para moralização do setor estabelecidas na tão retalhada Carta Magna de 1988.

Quando argumentam sobre a tragédia social que resultará na demissão de mais de 60 mil pais de família, muitos dos quais já sem condições de disputarem espaços com os mais jovens, respondo que quem pariu Mateus que o embale. E quem são os pais da criança? Sem dúvida alguma não são Ana Júlia e o Ministério Público do Trabalho. São os governadores que, desde 1988, vêm infringindo a lei e contratando servidores temporários. São eles: Hélio Gueiros (1987-1990), Jader Barbalho (1991-1994), Almir Gabriel (1995-1998, 1999-2002) e Simão Jatene (2003-2006). Este último inclusive postergou o máximo que pode a implementação do termo de ajuste de conduta para não demitir nenhum temporário e permitir a explosão da bomba no colo do seu sucessor.

Lembremos também dos deputados picaretas (Antenor Bararu, Martinho Carmona e outros) que se locupletavam com a miséria alheia, quadrianualmente aprovando leis inconstitucionais no Palácio da Cabanagem, usufruindo dos votos destes inocentes e coagindo os demais a votarem junto, ou se absterem, com o risco de serem penalizados eleitoralmente pela massa de eleitores agregada a familiares nesta situação.

Lembremos também do poder legislativo estadual que jamais se manifestou frente a este ataque é legalidade. E o Ministério Público estadual, este nem se fale. Se pôde sumir com processos, imagine tomar alguma posição....

Enfim, como sempre, que ficará mal é o povo. Esperemos que aprenda, e venha punir com o voto aqueles responsáveis pela sua situação de penúria. Não a governadora atual, nem os deputados atuais. Mas os que se aproveitaram deles. E tem deputado que, se dizendo amigo dos temporários, na verdade está afim de comer o resto da marmita.

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