quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Folha manipula fotos para atacar o presidente Lula

Excelente análise de Flávio Aguiar sobre a capa da edição da Folha de São Paulo de hoje.

Agressão ao presidente

Em matéria de agressão ao Presidente da República, a capa da Folha de S. Paulo, desta quarta-feira (22), merece nota máxima.

SÃO PAULO - Em matéria de agressão ao Presidente da República, o capista da Folha de S. Paulo de hoje (22/08) merece receber nota 10, aprovação “cum suma et maxima laude” ou algo assim, conforme os ritos acadêmicos. É difícil dizer o que preside a capa do jornal, se a sutil grosseria ou a grossa sutileza. A grosseria fica por conta da montagem da foto do Presidente e da primeira-dama, D. Marisa, com cara de “cheirei e não gostei”. O presidente Lula está cheirando os próprios dedos, e D. Marisa está examinando a textura de algo que tem entre os seus. Na mão do Presidente está um frasco de laboratório com um líquido castanho. Tudo sugere que o Presidente tenha água de esgoto entre seus próprios dedos. A foto vem cercada por três manchetes: “PF vê problema na defesa de Renan”, “STF inicia hoje julgamento dos 40 denunciados pelo mensalão” e “CPI quebra sigilo de diretora da Anac suspeita de mentir à Justiça”. Além disso, a chamada da legenda da foto é “Sujando as mãos”. Dentro do caderno, a proeza se repete na página A10. Esta página trata quase exclusivamente do caso do “Julgamento do mensalão”, chapéu das matérias. De quebra, só há uma referência a Lula ter declarado que o PT precisa considerar apoio a Ciro Gomes em 2010. No centro da parte superior da página, nova foto do Presidente com o frasco cheio de líquido cuja cor lembra lama ou merda, cheirando o conteúdo. Logo abaixo da foto vem a chamada “Os 40 denunciados” encabeçando a lista daqueles cujos nomes estão no processo cuja aceitação o STF começa a julgar. É inequívoca a conotação “Ali Lulá, quero dizer, Babá e os 40 ladrões”, onde começa a sutileza, ainda que grosseira, da montagem de manchetes, temas e fotos, perpetrada pela edição. A grossa sutileza prossegue: as fotos do Presidente e da primeira-dama são de uma visita de ambos a uma usina de biodiesel em Lins, no interior de S. Paulo, para sua inauguração. Ao mesmo tempo, portanto, em que se procura avacalhar a figura do Presidente, procura-se também desqualificar uma das principais iniciativas do atual governo, em torno do biodiesel, que pode fazer avançar a agricultura familiar em diversas regiões do país. No capacete do primeiro mandatário, em ambas as fotos, é perfeitamente legível a palavra “Biodiesel”, em letras destacadas e azuis. Para prosseguir na linguagem sugerida por essa montagem digna de imprensa marrom, pode-se perguntar o que as fotos têm a ver com as calças. É óbvio: por todo lado discute-se e especula-se em torno das questões de se o Supremo aceitará ou não a denúncia, quais denúncias aceitará, e nesse caso que julgamento final fará. O que a montagem conota é que, se o destino dos “40 ladrões” é incerto (até mesmo o do ex-deputado José Dirceu), “Ali Lula” já está condenado de antemão como “o chefe da quadrilha”, torcendo até mesmo o significado do título do conto de Sheerazade. Esse feito do capista da Folha deve estar provocando roídas de unha e rilhar de dentes (de inveja) entre os que disputam o prêmio jornalístico de avacalhação do Presidente. O curioso é o que estará provocando entre os correligionários do próprio Presidente, se é que estará provocando algo. Porque um grande número desses correligionários, como se sabe muito bem, está se lixando para tais avacalhações, e dá seguramente alguns de seus dedos e anéis para aparecer, e de qualquer jeito, nas páginas e nas telas dessa mesma mídia que continuamente os avacalha e despreza as idéias pelas quais, supostamente, deveriam se bater.

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