O seguinte parágrafo foi retirado de matéria que, no site do jornal O Liberal, se encontrava na mesma página da notícia sobre a ocupação dos trilhos da EFC. Vejamos:
Os oito ativistas do movimento ambientalista Greenpece que estavam sitiados dentro da sede do Ibama em Castelo dos Sonhos, no sudoeste do Pará, foram autorizados por madeireiros a deixar a cidade no começo da noite de ontem. Eles estavam dentro do prédio desde terça-feira e denunciam que foram mantidos em 'cárcere privado'. O Greenpeace foi impedido por 300 madeireiros e seus empregados de levar uma tora de castanheira para uma exposição
Ao lê-lo, percebemos a clara mudança de abordagem: os madeireiros estavam mantendo pessoas em cárcere privado, sob ameaça contra sua integridade física, que pretendiam transportar uma tora de madeira com autorização do IBAMA. Mas ninguém os chamou de baderneiros, não os acusaram de banditismo, nem de inconseqüentes, ao contrário: elas foram gentis ao autorizarem as pessoas a usufruir de seu direito de ir e vir.
Esta abordagem jornalística é rica em simbologias sobre a relação dos setores econômicos com a imprensa na articulação de um projeto de mundo, onde quem detêm o poder econômico pode fazer o que quiser, enquanto que não o detêm, tem que se contentar em ficar quieto.
Só um detalhe: sob pressão dos madeireiros, a licença para o transporte da tora de castanheira foi desautorizado. E eu pergunto: e as reivindicações do MST, serão ouvidas?
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