quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Botero protesta contra a guerra


O artista colombiano Fernando Botero inaugura hoje, no Museu de Arte da American University, em Washington, uma exposição com 79 obras sobre a tortura a prisioneiros na prisão iraquiana de Abu Ghraib.

Botero assegurou que o seu trabalho nasceu da raiva que sentiu perante a conduta "inaceitável" do governo dos EUA. Numa entrevista colectiva, o também escultor salientou que pintou as telas em 2005 "para serem vistas" pelo público que revela consciência política, tendo, porém, frisado que prefere não tratar temas deste tipo, já que se sente fugir "aos ideais da estética".

"Temos de ser fiéis à pintura antes de qualquer coisa", disse o artista, sublinhando que a sua mostra é apolítica. Declarou, por outro lado, que, com os quadros sobre Abu Ghraib, só queria aliviar a raiva que sentiu depois de ter conhecimento das torturas levadas a cabo pelos soldados americanos.

"Não fui um profeta enquanto criava, mas um artista que tentava libertar-se da raiva", acrescentou. Depois de concluída a série de pinturas, "a raiva desapareceu, porque eu já tinha dito o que precisava dizer."

De modo geral, as obras mostram a perspectiva das vítimas, muitas delas nuas, de mãos amarradas, encapuzadas, empilhadas numa pirâmide humana ou aterrorizadas pela presença de um cachorro ameaçador. Um dos quadros mostra um homem vendado de sutiã e cuecas vermelhas. A figura do torturador está ausente na maioria das obras, salvo em quadros como Abu Ghraib 43, dividido em três painéis. Botero diz que a arte pode ser um acto de denúncia em certos momentos, e quer ver Bush fora do poder depressa.

A exposição de Botero é uma de três que integram Arte de Confronto, uma iniciativa do Museu de Arte da American University dedicada a obras de protesto social e político dentro e fora dos EUA.|

Nenhum comentário: